A minha primeira amizade


A blogosfera está retirando muito do meu tédio. Finalmente eu entrei de férias e pensava que iria fazer trezentas coisas durante o dia, o que não está acontecendo. O máximo que eu faço é assistir um filme, ler um pouco e ficar um tempo na internet, apenas. E aliás, eu terminei o Fazendo Meu Filme 4! Eu chorei, gente. Fiquei impressionada com a minha sensibilidade, porque não tinha nada de demais para chorar. Daqui alguns dias eu espero trazer a resenha do Simplesmente Acontece para vocês. E vocês, já estão de férias? Essas férias eu irei viajar para Santa Catarina novamente, e pretendo tirar várias fotinhos para fazer um post sobre elas à vocês. Vocês irão viajar? Me contem tudinho! 

Como já havia dito, eu estou participando de um projeto chamado A Primeira vez que Aconteceu. O nome já diz tudo, então nem tenho que explicar. E dessa vez o tema é sobre amizade. A minha primeira amizade. Eu podia considerar aquela amizade passageira, que durou apenas um ano e que agora eu nem conheço a pessoa mais. Só que eu prefiro contar a história de uma amizade duradoura. Não necessariamente ela precisasse estar acompanhando minha vida até hoje, mas por pelo menos uma boa parte dela. O link das postagens das outras participantes está aqui: MillenaThainaraCoelhoLiviaGabêsBrendaSancho e Yasmin.

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Como qualquer criança no um primeiro dia de aula em uma nova escola eu não queria ir. Alguns minutos antes de chegar a escola eu já chorava. Lágrimas rolavam do meu rosto, e minha mãe se controlava pra não me trazer de volta para casa. E então, eu coloquei o meu primeiro pé na escola nova. Era uma escola grande, bem diferente da minha antiga. Tinham várias árvores e um grande local coberto por grama. Haviam também vários estacionamentos e prédios. Minha mãe já tinha ido a escola antes, para conhecer o lugar. Por isso, ela já sabia onde eu iria estudar. O prédio parecia uma casa alemã. Havia uma rampa que dava para um local onde provavelmente seria o pátio. Eu fui obrigada a descer. 

Chorando, eu caminhava pela rampa. Logo ao chegar, avistei muitas crianças, tanto meninos, quanto meninas; avistei também uma mulher já adulta, que provavelmente seria professora de alguma série. Eu continuava chorando, e muita gente olhava para mim como se eu fosse idiota. De repente, uma mulher anuncia que devemos formar uma fila. Os alunos do pré deviam se enfileirar em duas filas, uma de meninos e outra de meninas. Eu apenas fiz o que ela mandou. Fiquei mais ou menos na metade da fila, já que tiveram crianças que saíram correndo com o maior desespero, e eu caminhava devagar. A professora me encarava fixamente. Eu a encarava. Ficamos assim por um tempo, até que uma menina gritou: "Prô Josi, essa menina tá chorando". No momento eu não pensei em nada. Não tinha vergonha, eu era uma criança de cinco anos. A professora andou até mim, estendeu seus braços e me segurou no colo. No início eu fiquei confusa, mas continuava parada. Meu choro ia diminuindo conforme o tempo, e então eu relaxei. A professora perguntou se eu queria ir para o chão e imediatamente eu respondi que sim. Voltei ao meu lugar da fila, e a menina que estava próxima a mim me abraçou. Ela tinha cabelos cacheados e olhos verdes. Fiquei um tempo parada, com braços para baixo, sem retribuir o afeto. Mas percebi que devia abraçá-la também, e eu fiz. Ficamos assim por uns segundos, até que ela se afastou e disse: "Nós podemos ser amigas". Não respondi. Eu nem ao menos imaginava que essa amizade seria duradoura. Achava que iríamos ser amigas de intervalo e hora do parquinho, só para não ficarmos sozinhas. Mas não foi bem assim. 

Até o ano seguinte, eu e ela eramos super amigas, e então, eu me mudei. Fui para outro estado, outra cidade. Eu não sofri. Claro que queria uma amiga como ela comigo lá, mas eu sabia que aquilo não era possível. Mais um ano se passa e eu voltei para meu antigo estado e para a minha antiga escola. Foi uma reencontro maravilhoso. A maioria dos meus colegas de classe ainda estudavam lá, e todos me receberam com a maior felicidade. Ela disse que me esperou, e que sabia que eu voltaria. 

Desde então, ela se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida. Todo ano, depois das férias, ela era a primeira pessoa que eu queria ver. Que eu queria abraçar e dizer que senti saudades. Eu contava todos os meus segredos, ou algo semelhante a isso, para ela. Ela sempre foi aquela garota que eu gostava de verdade, que não trocaria por nada.  Nós tivemos uma longa história pela frente. Em exatos oito anos de amizade, não brigamos sequer uma vez. Somos melhores amigas atualmente. Ela sabe de tudo sobre mim. Ela é meu refúgio. Eu a amo.


Com carinho, Liv.